Pensavam que esta semana íamos falar do EuroMob, não era? Bem que notámos que as visitas têm aumentado nos últimos tempos, sinal da vossa ansiedade por mais novidades da nossa querida escola.
Numa semana que tanto se fala de Bolonha lá para os nossos lados, "vendendo-se" promessas e ilusões, encontrámos esta noticia no
Mundo Universitário, e chamamos a atenção para a questão do financiamento:
IV Convenção da Associação Europeia das Universidades «Dêem-nos as ferramentas e nós concluímos o trabalho»
Mais de 700 líderes participaram na IV Convenção da Associação Europeia das Universidades (AEU), em Lisboa. No discurso de encerramento, Durão Barroso prometeu «colocar as políticas de inovação e conhecimento no topo da agenda», já nos próximos meses. O presidente da Comissão Europeia realçou ainda «a importância do reforço da autonomia das instituições, a diversificação das fontes de receitas e a integração da aprendizagem ao longo da vida».
Os três pontos sublinhados por Durão Barroso inspiraram-se na declaração final de Roderick Floud, vice-presidente da AEU. Das várias recomendações oriundas do encontro – a figurar na Declaração de Lisboa, documento a ser analisado na reunião do Conselho de Ministros do Ensino Superior, em Maio – o responsável evidenciou cinco temas: a internacionalização, a investigação, a qualidade, o financiamento e a mudança.
O financiamento
Mas qual área necessita de mais trabalho? Roderick Floud colocou a tónica em duas delas. Antes de mais, o financiamento. «É inegável que a formação académica traz vantagens.» Como tal, «as pessoas devem pagar por ter esse privilégio», acrescenta. «Defendemos que elas [as instituições] possam recolher receitas através da indústria (no caso de lhe fornecerem serviços), dos estudantes estrangeiros ou mesmo dos nacionais». Tendo em consideração os cortes sucessivos no financiamento das instituições públicas, em Portugal, o vice-presidente da AEU admite a necessidade um aumento das propinas. «Se as verbas não estão a chegar é porque talvez não se pague o suficiente, não é?» E cita o exemplo do Reino Unido em que passaram de 1300 euros para 4000 euros anuais. «Agora é evidente que os mais carenciados, no nosso caso cerca de um terço dos alunos, não pagam esses valores», afirma. E aí entra outra parte fundamental da equação. «O Governo tem de oferecer respostas a quem não tem meios de assegurar os seus estudos», conclui.
A internacionalização
A internacionalização é outra das grandes preocupações. «Por um lado é preciso dinamizar a mobilidade dos estudantes na Europa», já que há muitas universidades ainda a apostar na sua fixação (e não no intercâmbio). Paralelamente, «há muito trabalho por fazer quanto à explicação da natureza das mudanças que estão a ocorrer no contexto de Bolonha». E a velocidade destas reformas, tem sido a desejada? «Julgo que não se podia andar mais rápido.» Explica que se está a mexer num «paradigma de ensino que existia há séculos». Mudar para outro, centrado no estudante, «leva o seu tempo», remata, lembrando que o processo surgiu em força há apenas oito anos (Portugal aderiu desde o início, enquanto hoje são 46 os países envolvidos).
A autonomia
Uma forma de alcançar Bolonha mais rapidamente seria reforçar a autonomia das instituições. De acordo com Roderick Floud, tendo em conta o seu papel crescente na economia regional – em muitas cidades do seu país onde se integram são as maiores ou segundas maiores empregadoras – «também lhe deveria ser dada a possibilidade de decidir por si próprias a melhor forma de completar a missão que lhes foi incumbida pela sociedade». Tanto no Reino Unido como na Dinamarca, Holanda, Áustria ou Estónia já existe alguma liberdade para gerir o financiamento. E é assim que deve ser, refere. «Não deve ser um ministério na capital a indicar onde este se vai aplicar», critica. O ideal seria as universidades controlarem as suas despesas, «optando por investir em laboratórios, pessoal, residências de estudantes ou infra-estruturas desportivas». É uma questão de «espaço» para se desenvolverem. «E tanto a regulação excessiva por parte do Estado como a microgestão, são inimigos da inovação e da eficiência», disse. Já Churchill dizia: «Dêem-nos as ferramentas e nós concluímos o trabalho.»
16.04.2007
Lido isto, parece que para se usufruir das maravilhas de Bolonha vamos ter de abrir ainda mais os cordões à bolsa!