Tendemos muitas vezes a generalizar a ideia de espírito académico. Cerveja, borga, presença nas praxes, comprar/usar o traje!
Então e quem está lá para estudar?
Não tem o chamado “espírito académico”?
Como conceito abstracto que é, leva muitos alunos a acreditar que não existe, ou que pelo menos na nossa escola não existe.
Mas existe. E vê-se plos corredores...sente-se no bar! Por vezes....
Durante os “melhores dias das nossas vidas”, as privações e os problemas são muitos. A necessidade de afirmação, o sistema educativo e uns professores que são peritos em lançar climas de competição e rivalidade, fazem com que as universidades sejam caldeirões fervilhantes, sempre prestes a explodir.
Sente-se o espírito académico quando se ouvem caloiros cansados, a gritar o lema dos seus cursos, mas também quando se vê Veteranos e Doutores roucos de cantarem ainda mais alto que eles. Quando se precisa de ajuda para um trabalho e existe um colega disposto a abdicar de de duas horas do seu tempo livre. Quando durante a noite alguém liga a dizer que precisa que lhe imprimam um trabalho, e esse trabalho, no dia seguinte se encontra na escola, pronto a ser entregue.
Mas como alguém disse um dia, Universidade não é só estudo, e o mais importante de tudo, como em qualquer situação, são as vivências pessoas, as experiências, os sorrisos e as lágrimas que acabam por completar o ideal desta comunidade...
Porque com o passar do tempo se criam fortes laços de amizade, se fortalecem convicções politicas e morais, porque todos dias aprendemos...com os colegas, com as senhoras do bar, com os professores.
E porque os estudantes nunca deveriam caminhar sozinhos!
Porque aqueles amigos que ajudam a fazer um trabalho, são muitas vezes aqueles amigos que saem juntos para as festas na escola ou em qualquer lado. Porque vivem, convivem e sobrevivem fora daquele paraíso branco...
Porque ajudar os caloiros não é só obrigá-los a atirarem-se para o chão, não é só humilhá-los ou rebaixá-los, mas sim oferecer apontamentos, dar dicas sobre trabalhos e profs, pagar uma cerveja quando os trocos escasseiam, esperar que lhes ofereçam uma cerveja quando a situação é má, trocar confidências, ajudar a trajar...
Mas, mais importante que isso tudo, é a vontade de dar sem receber nada em troca! É estar disposto a fazer parte de algo, é sentir a vontade de ajudar aqueles de quem um dia poderá precisar de ajuda.
O espírito académico vive disto, da união entre todos!
Não de forma a alienar ou uniformizar as mentes livres, mas dar-lhes a noção de solidariedade, voluntariado e amizade...
Porque aqueles que connosco partilham os problemas, devem ser tratados com um igual. E é essa igualdade que em muitos casos nos faz vestir todos de igual, que mistura o filho do operário com o filho do patrão. Que, mesmo sem traje, junta na mesma mesa o comunista e o fascista, e que mesmo com isso, partilham do espírito de quem vive sob o mesmo tecto:
Enquanto grupo, não devemos abandonar um dos nossos elementos no campo de batalha nem utilizá-lo como carne para canhão...
Um Estefanilho