segunda-feira, 16 de julho de 2007

Onde anda a Luta?


O Ensino Superior prepara-se para mudanças drásticas no seu funcionamento. Para além da implementação do Processo de Bolonha, está em discussão o novo regime jurídico para as instituições de Ensino Superior, centrada sobretudo na possibilidade dos estabelecimentos de ensino se tornarem fundações, secundando questões como a perda de direitos por parte dos alunos e atropelos vários ao funcionamento democrático desses mesmos estabelecimentos.

Há cerca de 2 semanas alunos de todo o país deslocaram-se a Lisboa para manifestar o seu desagrado perante a nova lei do regime jurídico. Associações Académicas de Lisboa, Coimbra, Algarve, Trás-os-montes, entre outras fizeram-se representar nesta manifestação, mas de Setúbal (que até nem fica longe de Lisboa) oficialmente não há registo de qualquer representação, o que deixa transparecer não só um alheamento da luta estudantil, como também desinteresse pelas decisões na área das politicas educativas e dos problemas que o Ensino Superior enfrenta. Sabemos que a malta já está de férias ou anda ocupada com os exames, mas não andam também os de Coimbra, do Algarve e de Trás-os-Montes?

Ora quando votamos para as Associações de Estudantes estamos à espera que os representantes destas lutem pelos nossos direitos e estejam atentos aos atropelos e ameaças a esses mesmos direitos. O que se vai passando, desde há anos, é que o real interesse na constituição de uma Associação Académica tem sempre que trazer benefícios económicos, basta constatar que as Associações de Estudantes do IPS apenas se juntam para organizar a Semana Académica, lutando entre si o resto do ano para ver quem organiza a melhor festa. Será este o único interesse dos estudantes? Não será o papel das associações alertarem e discutirem as decisões na área da política educativa de forma a poderem defender os interesses desses mesmos estudantes? Ou tudo se resume a dinheiro e basta uma faixa à entrada da escola para dizer que não concordamos? E quanto mais tempo vamos ficar calados à espera que decidam por nós? E lá porque estamos de férias, fechamos as portas, e quando começar o novo ano lectivo é que pensamos nisso?


PS: Deixamos aqui um link para o blog criado pela Associação Académica de Coimbra para discutir o novo regime jurídico das instituições de ensino superior. Basta clicar aqui.

9 comentários:

Anónimo disse...

Acho pertinente este tema, numa altura que o Governo pensa em algo como "o provedor do aluno"...
talvez seja algo à semelhança do que temos nos jornais nacionais de maior tiragem, ainda não estou a par do funcionamento deste "provedor".
seja como for, é um atropelo às instuições criadas por e para alunos, como o são as associaçoes de estudantes.
se nesta altura as ae´s perdem força, então só dão mais motivos para este apropriamento estatal.
Cumprimentos

FF

Anónimo disse...

Lá para os lados da ESE é tempo de férias ou quase. A palavra que define a acção dos estudantes na luta pelos seus interesses só pode ser uma...apatia! Parece que poucos estão conscientes do que está ai para vir e outros pouco ou nada estão interessados ou porque dá muito trabalho ou porque simplesmente só lá estão para estudar...mas depois não se queixem!

Ah e vão pensando no facto quase certo que as propinas vão aumentar...será sinónimo de que a qualidade vai aumentar? hmmm duvido!

Saudações Académicas

Anónimo disse...

Sempre foi assim...
Revoltei-me imensas vezes com situações passadas na ESE, principalmente o já famoso efeito da graxa nos professores.
Falar no corredor, o pessoal até fala, agora fazer alguma coisa...
As bocas mandei-as sozinha e, num mar de peixes, um peixinho pequenino não assusta um tubarão...
Dos meus tempos de ESE guardo a amargura de ter ficado calada em certas situações. Porque, se não ficasse, iam prejudicar-me pois não existiam avaliações concretas... Trabalhos finais avaliados com 15/16? Isto é para quê? Para dar a média que o professor quer no final do ano?
Espero que as coisas mudem para vocês... Mas não estou a ver... Os poucos que se mexem são poucos. Não desistam, mas tirem o rabo dos vossos colegas das cadeiras e vão à luta!

Vejam o nosso exemplo: desemprego e amargura.

Voltar à ESE?
Nunca mais...

Anónimo disse...

penso que este novo regime juridico é mais uma machadada destes politicos para acabarem completamente com a representação estudantil já que esta é incomoda porque traz ideias novas e novos paradigmas em muitos aspectos.
Noutros tempos foram os estudantes que alertaram a sociedade em geral para um caminho errado e suicida para a liberdade ...
lembram - se do Maio de 68?
ou das manifestações contra os gorilas antes do 25 de abril?

Os politicos e os partidos politicos gostam de controlar as Associações de Estudantes porque são um perigo real ao seu poder ...
e infelizmente têm conseguido ...
A maior parte das Associações de estudantes em Portugal têm um dominio parcial ou total dos partidos politicos tornando-se por vezes verdadeiras jotas o que leva à total descredibilização das mesmas ...
é só ir a um famoso ENDA (Encontro Nacional de Associações) e identificamos logo as facções ...
portanto colegas se queremos marcar a diferença e fazer realmente a diferença devemos nos unir sem medos de represalias como estudantes e com os nossos valores de liberdade :)
não queremos um director nomeado a comandar tudo ...
não queremos perder a representação
nos órgãos da escola a que pertencemos porque entramos nela ...
porque nós somos a escola
sem os estudantes as escolas não são nada ...
Para finalizar como estudantes do ensino superior deveriamos fazer em conjunto uma enorme reflexão por exemplo em forma de sessão de esclarecimento para esclarecer os estudantes em geral do que lhes querem tirar ...
faço assim algumas perguntas aos estudantes em geral
- querem apenas ser mais um peixinho a nadar no oceano sem qualquer tipo de comando na vossa vida?

- será que os governos e os partidos têm sempre razão?

- será que não acordamos sempre demasiado tarde e depois é sempre tarde de mais para agir?

e faço algumas perguntas para quem as queira encaixar

- será que nós estudantes do ensino superior não deveriamos nos unir mais e utilizar mais a nossa massa cinzenta?

- será que não era pertinente uma sessão de esclarecimento acerca deste regime juridico aos nossos estudantes? Para que todos nós possamos ficar mais elucidados acerca do assunto?

- será que somos apenas meros peões num jogo de xadrez que nunca temos conhecimento das regras?

- será que nós como comunidade estudantil somos todos assim tão burros para não podermos participar nas decisões?

o regime juridico diz que sim ...
Saudações Académicas

Anónimo disse...

Foi ontem aprovado no parlamento o novo regime jurídico, com os votos a favor da "maioria socialista". É assim certo que os alunos perderão representatividade nos órgãos de gestão das instituições. Como diz um comment anterior, os alunos são a razão de existirem as instituições de ensino e como tal é de lamentar que neste processo os alunos nunca tenham sido ouvidos ou consultados, mesmo quando estes aprsentaram propostas para a alteração da lei.

É um grave atentado á dita democracia dentro das instituições, que tanto deviam fomentar os valores da tal democracia. Os alunos passarão a ser meros números e peões cuja participação na vida das instituições se limitará ao pagamento de propinas e frequência nas aulas. Uma realidade já presente na ESE infelizmente. Esperemos que sejam tomadas medidas para mostrar o descontentamento perante a aprovação desta lei, isto se houver descontentamento porque temo eu que nem haja conhecimento de grande parte dos estudantes da ESE da entrada em vigor desta lei e sequer do que ela implica, mas isso são outras discussões.

Resta saber para os nossos lados, qual a atitude a tomar pelos órgãos de representação dos estudantes? vamos permanecer passivos perante este atropelo? Vamos continuar a adiar o nosso papel reivindicativo e interventivo nas instituições? vamos deixar que que nos retirem os direitos pelos quais outros lutaram para obter com o corpo e com a vida?


Saudações Académicas

Anónimo disse...

De facto a situação é preocupante, mas não é nova. Os estudantes irão perder representatividade em termos de orgão de poder, mas mesmo tendo hipótese de darem a sua voz, não a usam. No fundo apenas estão a tornar oficial esta questão, na ESE pelo menos. Temos um direito e não o usarmos,é o mesmo que não o termos neste caso concreto.
No entanto,em minha opinião a questão vai bastante mais fundo. Concordo com o que se disse sobre as AE´s do IPS. Trata-se de uma competição pela melhor festa, trata-se de uma maneira de tentar ganhar estatuto social entre o meio escolar, trata-se de ter o título de "membro da A.E.", um bocado como, "ser engenheiro", ou "ser doutor". É um título. Nada mais. Não vi até hoje nenhuma, e repito, NENHUMA das AE´s a levantarem a sua voz, e movimentarem os alunos, e a fazerem-se sentir como uma entidade que representa uma grande força. Neste aspecto o IPS é realmente, triste. As AE´s e as escolas são autênticos parlamentos em ponto pequeno. Discute-se, critica-se, responde-se, fala-se, fala-se, fala-se,fala-se....faz-se?!?!?! Além disso existe esse também outro grande problema aqui já dito. O partidarismo político que infecta as AE´s. É uma infecção que faz de muitos membros da A.E. autênticos deputados e primeiros ministros. Bem falado foi o Maio de 68. É de aplaudir essa referência, que por si só deveria dizer tudo e mais alguma coisa. O Maio de 68 representa por excelência o poder e a força dos estudantes. O único partido que existia,era o partido dos estudantes, dos colegas, dos académicos. As diferenças ideológicas desapareceram, porque os estudantes do Maio de 68 perceberam que os representantes políticos não são nada. O Maio de 68 foi dos estudantes,contra o governo, e é disso que Portugal precisava. Uma união dos estudantes, não da A.E. que inclina para o partido comunista,ou uma A.E. que inclina para a direita, ou para o partido socialista, simplesmente um estudante, que se junta a outra pessoa que nada mais é que um estudante e por aí fora. Já o 25 de Abril nos conta uma história semelhante. Não existia o grupo dos comunistas, ou dos fascistas, existia o povo,e o povo é constituído por todos estes elementos, mas é o povo que interessou naquela altura, não os partidos,mas o povo,as pessoas. E o que interessa aqui realmente são os estudantes. Se há outra coisa que o Maio de 68 nos poderá ensinar, e talvez levando a questão demasiado à frente, é que uma manifestação pouco ou nada diz,pouco ou nada representa. Foi bonito ter visto aquelas A.E.´s juntarem-se numa manifestação. Mas e o resto do ano? 3/4/5/6 manifestações por ano querem realmente dizer alguma coisa? Além de um pequeno "estalo mediático", o que são? Um começo? Nem por isso, a voz do estudante tem de ser levada a grandes dimensões, maiores e tão radicais como as do Maio de 68. Claro que não passa isto de um ideal,tendo em conta a mentalidade estudantil em Portugal...
A questão agrava-se ainda mais, quando estes mesmo estudantes académicos de todo o país votam nas eleições. Votam nos políticos, que lhes causam todo este mal,porque acreditam, e voltam a acreditar, e voltam a levar a rasteira. O problema em fundo não é votar, temos de votar, mas se votamos e a coisa corre mal, não se espera pelas eleições para fazer a mesma borrada. Faz-se o Maio de 68, como os nossos colegas de França se aperceberam. Esta questão faz-me lembrar um filme, que se não me engano se chama "World Of the Dead". Ora os humanos,disparam uns foguetes para o ar,e os zombies ficam a olhar,espantados. É precisamente isto que aconteçe nas eleições. Os políticos mandam umas promessas para o ar,e o Zé Povinho fica maravilhado,e depois o resto do ano torna-se num sofista autêntico. Temos de nos criar,como algo aparte da política, de maneira a conseguirmos fazer algo a sério,temos de quebrar laços com política, e quebrar laços com a amizade a certo regime ou ideologia política. Enquanto isto aconteçer, o estudante académico, e o estudante constituinte da A.E., não será mais que uma semente política, formatada pela instituição política que pensa ser a mais indicada. Deixemos a política para os ladrões,ooops, políticos! e sejamos estudantes, pura e simplesmente estudantes, e acho que ao fim de 30 e tais anos desta situação,já era de esperar, que votos e crenças não levam a nada. O uso da força nem sempre tem de ser violento, existe a força de vontade que também alcança grandes coisas...
E tudo isto é muito bonito na escrita e no pensamento, disso tenho consciência...mas ainda assim é uma opinião.

Anónimo disse...

Caro Anonimo concordo em pleno com algumas das ilações que transmitiu porem penso que tambem não devemos ser tão deterministas em relação a alguns assuntos ou seja ver que para toda a regra existe excepções.
Algumas Associações de Estudantes ainda têm como objectivo o bem do estudante e não são contaminadas politicamente (embora isto seja sempre dubio porque é muito facil a contaminação acontecer) porem o verdadeiro problema está na total falta de força que estas têm derivado a « votarem em branco » em relação aos partidos politicos ...
Penso que todos nós temos um ideal mais ou menos escondido e que expressar opiniões é o que torna os assuntos vivos e pertinentes só que penso que se todos juntos discutissemos cara a cara estas questões teriamos um movimento estudantil muito mais forte e dinâmico ...
é necessario fazer ver aos politicos e a todos em geral que os estudantes estão vivos e que não gostam de ser ridicularizados e excluidos completamente da vida da escola que frequentam ...
têm razão em relação ao afrouxamento ao nível da participação estudantil não só na ESE mas em muitos sitios porem ainda penso que há gente que participa em prol dos estudantes porem esses mesmos órgãos de representação como a Assembleia de Representantes, a representação dos alunos no Conselho Directivo ou o conselho pedagogico estão viciados à partida já que os estudantes não têm quase nenhuma voz à partida ...
Assim é muito dificil puxar os alunos para a representação quando a sua voz é irrelevante para quem manda nesses órgãos ...
Como diz o pedro abrunhosa
« de que serve ter o mapa se o fim está traçado? »
E é aqui que nós estudantes interessados e interventivos devemos reflectir e discutir para que no futuro as coisas sejam diferentes do que são ...
ao invés de evoluirmos gostamos sempre de regredir enfim ...
saudações académicas e o unico apelo que faço aos meus colegas é que acordem e que pelo menos pensem sobre estes assuntos que fazem parte do seu presente e futuro.

Anónimo disse...

Concordo com tudo o ke foi dito, e até concordo com o Wessel quando este dá a ideia de fazer uma sessão de esclarecimento acerca do regime aos nossos estudantes? Para que todos nós possamos ficar mais elucidados acerca do assunto.

S´p n concordo quando se diz que as Associações de Estudantes do IPS "batalhem" entre si durante o ano para ver quem faz a melhor festa e só se juntem para organizar a Semana Académica, muitas vezes ao longo do ano é prestado apoio e existe colaboração das varias AE's umas com as outras, para os mais variados fins, quer para mudanças, quer para fornecimento de material inexistente numa das AE's, td bem que existe uma certa concorrência entre as AE's mas é natural, cada uma quer o melhor para os seus estudantes e em conjunto para todos os estudantes do IPS, mas a concorrência n faz das AE's inimigos "mortais" como me parece kererem transparecer. abraços e bom resto de ferias, as aulas estão ai, mas também a semana do caloiro, espero que gozem bem o rsto das ferias e que se divirtam na primeira semana de aulas.

Saudações Académicas

Anónimo disse...

Pode-se perguntar então se existe a tal colaboração porque é que não existe uma Associação Académica? E já que falas na recepção ao caloiro porque não é feita em conjunto? E já que se colocam faixas contra o novo regime jurídico, porque é que essas só exibem o nome de uma associação? Os problemas são comuns e as lutas também devem ser, penso eu. Pode existir a tal colaboração de que tanto falas, mas tem-se revelado apenas em casos muito pontuais. Basta vermos a regularidade com que todas as associações se reúnem entre si para discutir estas e outras situações.

Saudações Académicas